Falemos um tanto de futebol...
Esta semana foi recheada de acontecimentos surpreendentes. Seleções, favoritismos, demissões, negociações, racismo, deficiência idiomática...
Pois bem, fiquemos com os dois últimos. Eu pensei no meio da semana e iria postar dois textos distintos sobre estes acontecimentos que, para mim, marcaram a semana e repercutiram razoavelmente. Mas percebi que eles tem algo em comum. Um ponto de convergência.
Primeiro vamos falar da acusação do lateral Elicarlos (Cruzeiro) ao atacante argentino Maxi Lopez (Grêmio). Segundo o lateral, o atacante o teria ofendido chamando-o de 'macaco'. Em primeiro lugar não há razão para 'macaco' ser xingamento, mesmo porque acredita-se que toda a raça humana ascende destes seres. E se há razão, vale a máxima que minha mãe sempre ensinou: 'Não se ofenda com o que você não é! Não serve para você!' Outro ponto é que não parece educado ou inteligente nos tempos que vivemos xingar alguém apelando para raças... Já está mais do que provado que negros, brancos, orientais, índios ou qualquer raça que seja contribuíram e contribuem muito para o desenvolvimento da sociedade. E de forma igualitária! Portanto não há sentido em querer se diminuir o outro apelando para este tom retrógrado.
Ainda mais no esporte onde isto é muito saliente.
Deve-se lembrar que os maiores atletas da história são negros: Pelé, Michael Jordan, João do Pulo,Tommie Smith e John Carlos, Daiane dos Santos, Vênus e Serena Willians, Lewis Hamilton, Samuel Eto'o, Anthony Nesty,Tiger Woods, Bill Russell, entre outros milhares. Por isso o mínimo de respeito é necessário.
Falando em respeito, outro fato chamou a atenção esta semana. O inglês do técnico Joel Santana.
Muito se falou, postou, riu, rimou, harmonizou e até ridicularizou sobre a
entrevista do comandante da seleção sul-africana. Porém, pouco se fez para analisar e criticar com bom senso suas palavras.
É de conhecimento geral que no País do Futebol as pessoas gostam de embarcar nas mazelas alheias e que aqui se ri dos outros mesmo tendo os mesmos defeitos ou até piores. A chamada 'Síndrome do Pavão.'
Isto aconteceu, na minha visão claro, no caso de Joel. Muitos falaram dele, riram do seu inglês de pronuncia terrível e até fizeram funks. Mas também muitos desses, se esqueceram que mal falam o português. Ou até tem conhecimento, muitas vezes vasto, da língua inglesa e se embananam na hora de conversar téte-a-téte no idioma.
Joel pode ter se atrapalhado, pode não falar um inglês nativo, pode até ter errado algumas expressões, mas eu garanto, foi compreendido por seu entrevistador. Ele foi corajoso. Não fugiu. Não se esquivou. Falou com fluência.
Fez o contrário de seus acusadores. Ele foi homem e deu 'a cara a tapa'. Muitos dos que riram dele jamais teram esta coragem e desenvoltura. O fato é que só aqui isso acontece. Só os brasileiros riem do mau idioma alheio. Eu aposto, que se ele conversar com um americano, inglês ou qualquer outro nativo ele não irá rir. Ele irá ajudá-lo a aperfeiçoar sua fluência.
Já disse o Paulo Autuori em sua entrevista sobre o racismo no jogo do Grêmio: 'Vamos parar de hipocrisia!' Todo mundo sabe que há racismo onde quer que se vá e que não é chamando desportistas para depor com cafezinho que vamos acabar com ele. Assim como não é discriminando os outros ou menosprezando seu esforço que se formará uma nação mais forte e sem deficiências.
Acorda Brasil! Existem temas sérios para se tratar do que rir ou humilhar.
Acorda Imprensa! Seu papel e missão é trazer educação e cultura, não incentivar a falta delas.
As vezes eu fico sem entender...