domingo, 28 de junho de 2009

After birraid de midium

A propósito, após postar o texto 'Birraid de midium' fui conferir as novidades no Esporte Espetacular da TV Globo e me deparei com a belíssima matéria a seguir, sobre os jogadores da Liga da Canela Preta. Estes jogadores negros, lutaram contra o racismo no esporte em tempos de segregação racial intensa no Brasil.

Confiram, pois vale a pena:

'Birraid de midium'

Falemos um tanto de futebol...

Esta semana foi recheada de acontecimentos surpreendentes. Seleções, favoritismos, demissões, negociações, racismo, deficiência idiomática...
Pois bem, fiquemos com os dois últimos. Eu pensei no meio da semana e iria postar dois textos distintos sobre estes acontecimentos que, para mim, marcaram a semana e repercutiram razoavelmente. Mas percebi que eles tem algo em comum. Um ponto de convergência.
Primeiro vamos falar da acusação do lateral Elicarlos (Cruzeiro) ao atacante argentino Maxi Lopez (Grêmio). Segundo o lateral, o atacante o teria ofendido chamando-o de 'macaco'. Em primeiro lugar não há razão para 'macaco' ser xingamento, mesmo porque acredita-se que toda a raça humana ascende destes seres. E se há razão, vale a máxima que minha mãe sempre ensinou: 'Não se ofenda com o que você não é! Não serve para você!' Outro ponto é que não parece educado ou inteligente nos tempos que vivemos xingar alguém apelando para raças... Já está mais do que provado que negros, brancos, orientais, índios ou qualquer raça que seja contribuíram e contribuem muito para o desenvolvimento da sociedade. E de forma igualitária! Portanto não há sentido em querer se diminuir o outro apelando para este tom retrógrado.
Ainda mais no esporte onde isto é muito saliente.
Deve-se lembrar que os maiores atletas da história são negros: Pelé, Michael Jordan, João do Pulo,Tommie Smith e John Carlos, Daiane dos Santos, Vênus e Serena Willians, Lewis Hamilton, Samuel Eto'o, Anthony Nesty,Tiger Woods, Bill Russell, entre outros milhares. Por isso o mínimo de respeito é necessário.
Falando em respeito, outro fato chamou a atenção esta semana. O inglês do técnico Joel Santana.
Muito se falou, postou, riu, rimou, harmonizou e até ridicularizou sobre a
entrevista do comandante da seleção sul-africana. Porém, pouco se fez para analisar e criticar com bom senso suas palavras.
É de conhecimento geral que no País do Futebol as pessoas gostam de embarcar nas mazelas alheias e que aqui se ri dos outros mesmo tendo os mesmos defeitos ou até piores. A chamada 'Síndrome do Pavão.'
Isto aconteceu, na minha visão claro, no caso de Joel. Muitos falaram dele, riram do seu inglês de pronuncia terrível e até fizeram funks. Mas também muitos desses, se esqueceram que mal falam o português. Ou até tem conhecimento, muitas vezes vasto, da língua inglesa e se embananam na hora de conversar téte-a-téte no idioma.
Joel pode ter se atrapalhado, pode não falar um inglês nativo, pode até ter errado algumas expressões, mas eu garanto, foi compreendido por seu entrevistador. Ele foi corajoso. Não fugiu. Não se esquivou. Falou com fluência.
Fez o contrário de seus acusadores. Ele foi homem e deu 'a cara a tapa'. Muitos dos que riram dele jamais teram esta coragem e desenvoltura. O fato é que só aqui isso acontece. Só os brasileiros riem do mau idioma alheio. Eu aposto, que se ele conversar com um americano, inglês ou qualquer outro nativo ele não irá rir. Ele irá ajudá-lo a aperfeiçoar sua fluência.
Já disse o Paulo Autuori em sua entrevista sobre o racismo no jogo do Grêmio: 'Vamos parar de hipocrisia!' Todo mundo sabe que há racismo onde quer que se vá e que não é chamando desportistas para depor com cafezinho que vamos acabar com ele. Assim como não é discriminando os outros ou menosprezando seu esforço que se formará uma nação mais forte e sem deficiências.
Acorda Brasil! Existem temas sérios para se tratar do que rir ou humilhar.
Acorda Imprensa! Seu papel e missão é trazer educação e cultura, não incentivar a falta delas.

As vezes eu fico sem entender...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Vide Rótulo

Esta semana surgiu um assunto na grande mídia que tomou as rodas de bar, as redações, as universidades e, principalmente, os recém-formados jornalistas.
Afinal, o diploma de jornalista, agora não obrigatório, é ou não é importante para o desenvolvimento da profissão?
Bem, eu confesso que num primeiro momento preferi ficar fora da discussão, até mesmo para avaliar os dois lados da questão e para ouvir argumentos de defesa e desaprovação da nova lei.
Pensando muito e observando prós e contras, me deparei com a excelente discussão proposta pelo blog
Coletivo de Sheila Moreira e ecoada pelos brilhantes Pós-Texto de Bruno Calixto e Entreditas de Renata Alves.

Cliquem nos links e tirem suas conclusões...

A minha deixo a seguir. Não com o brilhantismo dos profissionais acima, mas com minha humilde visão dos fatos.

Você já foi ao supermercado, pegou um produto, pagou e ao chegar em casa viu que aquele produto estava a uma semana do prazo de validade? Ou fez a mesma coisa e ao olhar a data se deparou com um produto já vencido? Ou ainda, chegou a comer, usar, desfrutar do artigo e só aí se deu conta da validade?
Pois é... É mais ou menos isso que milhares de estudantes de jornalismo, formados ou não, estão passando. Eles tem a impressão neste momento de que compraram um produto que não lhes será útil por muito tempo. Eles tem ou terão um diploma que segundo as novas regras, não é obrigatório. Eles investiram, além de dinheiro, tempo e concentração. Sacrificaram muito mais do que horas estudando para vestibulares e provas semestrais ou concluindo TCCs. Sacrificaram horas de
convívio familiar, namoros, amizades, diversão, cultura, viagens de férias ou de intercâmbio, apenas para se dedicarem a ter um diploma e uma profissão reconhecidamente de nível superior.
E quando digo nível superior não quero dizer que agora a profissão será menor, longe disso, só estou afirmando que nada é mais justo para alguém que se esforçou tanto, que ter o seu esforço reconhecido através de um destaque em relação a quem não teve este mérito. Seja isto por vontade própria ou não.
É fato que existem exceções e que algumas pessoas são naturalmente propensas a certas atividades, mas repito, são EXCEÇÕES. Não se pode generalizar. Se fosse assim, todos os médicos falsários que enganam centenas de pessoas e estão constantemente nos noticiários, poderiam exercer a medicina apenas por gostarem ou levarem jeito.
Além disso, na universidade são dadas noções valiosas sobre ética profissional e de cidadania que o indivíduo não formado terá que aprender sozinho e muitas vezes sofrendo com desilusões e até processos.
Outro ponto é a comodidade que haverá, agora declaradamente pois isso é papo velho, para 'ícones do jornalismo' indicarem filhos, sobrinhos, netos, cunhados, sogras... E todos os parentes, periquitos e papagaios que se possam imaginar para as melhores vagas, apenas por terem 'aptidão' para o jornalismo. Nepotismo barato.
Escrever, qualquer um escreve. O difícil é escrever com concisão. Não é o diploma universitário quem vai proporcionar isso, mas também não é a falta dele.
Não se preocupem amigos diplomados, nada vai mudar. Pensem em seus diplomas como um trunfo e não como um artefato decorativo em suas paredes. Lembrar o esforço desferido para alcançar este 'pedaço de papel inútil' é a força que vocês precisam para transpor as barreiras que ainda virão. A verdade virá... Sempre vem. E é sempre um jornalista quem a informa.

Carta que o atual presidente da Intercom (Sociedade Brasileira de Estados Interdisciplinares da Comunicação) enviaram ao STF. Nela, eles afirmam:

O diploma de jornalismo, que agora se discute, não constitui uma simples reserva de mercado. Estabelece, isto sim, que o jornalista deve passar pelos bancos da Universidade. Só ali esse agente da informação coletiva pode se qualificar profissionalmente. E onde pode adquirir clara percepção das responsabilidades que tem perante à sociedade.

Esta é a tese que advogamos, na expectativa de que os Juizes da Suprema Corte possam discernir o verdadeiro mérito do que vão decidir. Não se trata de defender uma categoria, mas, acima de tudo, garantir ao conjunto da sociedade brasileira o direito de ser bem, livre e corretamente informada.

Apoie a campanha da Fenaj clicando aqui.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Igualmente diferenciados



Os moletons da Sun Rocha contrastavam, tanto no preço como no estilo, com os caríssimos Adidas de última geração. Eram dois. Garotos. Brancos. Daqueles em que se nota ao longe pertencerem a Classe C, recem-salva da 'miséria' pelo governo do presidente Lula.

Mas eram dois, falavam mansamente, com jeito de trabalhadores. Como os milhares que são criados com esforço e dedicação por mães, muitas vezes, domésticas e pais porteiros. Pessoas simples que tentam dar um tanto da dignidade e oportunidade que, eventualmente, lhes faltaram aos seus filhos.

Conversavam sobre casualidades e riam um do outro com um sorriso inocente e amigável. Tentavam, quase incessantemente, encabular o outro frente aos presentes no Metropolitano Paulistano. Tudo muito franco e em tom de amizade real e parceria longínqua.

De repente, na parada da estação da Sé, surge um terceiro vindo do final do vagão. Vestido de forma semelhante e com o mesmo humor infantil, porém negro, muito negro. Este rapaz, um pouco mais velho, era mais áspero em seus comentários e com três ou quatro frases conseguiu encabular os outros dois garotos a ponto de haver da parte deles um (ainda que tímido) pedido de clemência.

Quando os ânimos começaram a se animar e a discussão tomava corpo, eis que surge um quarto garoto da turma. Vindo sabe-se lá da onde, o rapaz estava acompanhado de sua namorada. Esta garota, extremamente magra e com traços e trejeitos bem nordestinos, vestia-se diferente daqueles três primeiros 'caras', como ela os chamava. Trajava roupas 'emos' e de modelos pouco sofisticados como as de seus amigos. Ela, provavelmente com seu 'poder feminino', levava em seu estilo o quarto garoto e fazia nítida a disparidade dos dois com o restante do grupo.

Bem, voltando a cena, os dois apareceram e logo colocaram fim a todo o clima chato do 'encontro'.

A garota pouco falou, mas o que falou ficou muito bem colocado e firme:

- Como vocês podem discutir desse jeito e se ofender se vocês são amigos desde as fraldas? R-I-D-Í-C-U-L-O!

Seu namorado ainda completou com um - É isso mesmo. Somos amigos desde pequenos, Caras!- Mas foi só um reforço da lição que a garota já havia ensinado com 17 palavras muito bem colocadas.

Observando isso, percebi que estava frente-a-frente com uma valiosa lição da vida:

Não importa qual a sua condição, cultura, personalidade ou estilo. Os amigos que você cultiva em sua caminhada estão acima destas coisas e sempre estarão ligados a você tanto nas horas boas como nas de dificuldade.