terça-feira, 23 de junho de 2009

Vide Rótulo

Esta semana surgiu um assunto na grande mídia que tomou as rodas de bar, as redações, as universidades e, principalmente, os recém-formados jornalistas.
Afinal, o diploma de jornalista, agora não obrigatório, é ou não é importante para o desenvolvimento da profissão?
Bem, eu confesso que num primeiro momento preferi ficar fora da discussão, até mesmo para avaliar os dois lados da questão e para ouvir argumentos de defesa e desaprovação da nova lei.
Pensando muito e observando prós e contras, me deparei com a excelente discussão proposta pelo blog
Coletivo de Sheila Moreira e ecoada pelos brilhantes Pós-Texto de Bruno Calixto e Entreditas de Renata Alves.

Cliquem nos links e tirem suas conclusões...

A minha deixo a seguir. Não com o brilhantismo dos profissionais acima, mas com minha humilde visão dos fatos.

Você já foi ao supermercado, pegou um produto, pagou e ao chegar em casa viu que aquele produto estava a uma semana do prazo de validade? Ou fez a mesma coisa e ao olhar a data se deparou com um produto já vencido? Ou ainda, chegou a comer, usar, desfrutar do artigo e só aí se deu conta da validade?
Pois é... É mais ou menos isso que milhares de estudantes de jornalismo, formados ou não, estão passando. Eles tem a impressão neste momento de que compraram um produto que não lhes será útil por muito tempo. Eles tem ou terão um diploma que segundo as novas regras, não é obrigatório. Eles investiram, além de dinheiro, tempo e concentração. Sacrificaram muito mais do que horas estudando para vestibulares e provas semestrais ou concluindo TCCs. Sacrificaram horas de
convívio familiar, namoros, amizades, diversão, cultura, viagens de férias ou de intercâmbio, apenas para se dedicarem a ter um diploma e uma profissão reconhecidamente de nível superior.
E quando digo nível superior não quero dizer que agora a profissão será menor, longe disso, só estou afirmando que nada é mais justo para alguém que se esforçou tanto, que ter o seu esforço reconhecido através de um destaque em relação a quem não teve este mérito. Seja isto por vontade própria ou não.
É fato que existem exceções e que algumas pessoas são naturalmente propensas a certas atividades, mas repito, são EXCEÇÕES. Não se pode generalizar. Se fosse assim, todos os médicos falsários que enganam centenas de pessoas e estão constantemente nos noticiários, poderiam exercer a medicina apenas por gostarem ou levarem jeito.
Além disso, na universidade são dadas noções valiosas sobre ética profissional e de cidadania que o indivíduo não formado terá que aprender sozinho e muitas vezes sofrendo com desilusões e até processos.
Outro ponto é a comodidade que haverá, agora declaradamente pois isso é papo velho, para 'ícones do jornalismo' indicarem filhos, sobrinhos, netos, cunhados, sogras... E todos os parentes, periquitos e papagaios que se possam imaginar para as melhores vagas, apenas por terem 'aptidão' para o jornalismo. Nepotismo barato.
Escrever, qualquer um escreve. O difícil é escrever com concisão. Não é o diploma universitário quem vai proporcionar isso, mas também não é a falta dele.
Não se preocupem amigos diplomados, nada vai mudar. Pensem em seus diplomas como um trunfo e não como um artefato decorativo em suas paredes. Lembrar o esforço desferido para alcançar este 'pedaço de papel inútil' é a força que vocês precisam para transpor as barreiras que ainda virão. A verdade virá... Sempre vem. E é sempre um jornalista quem a informa.

Carta que o atual presidente da Intercom (Sociedade Brasileira de Estados Interdisciplinares da Comunicação) enviaram ao STF. Nela, eles afirmam:

O diploma de jornalismo, que agora se discute, não constitui uma simples reserva de mercado. Estabelece, isto sim, que o jornalista deve passar pelos bancos da Universidade. Só ali esse agente da informação coletiva pode se qualificar profissionalmente. E onde pode adquirir clara percepção das responsabilidades que tem perante à sociedade.

Esta é a tese que advogamos, na expectativa de que os Juizes da Suprema Corte possam discernir o verdadeiro mérito do que vão decidir. Não se trata de defender uma categoria, mas, acima de tudo, garantir ao conjunto da sociedade brasileira o direito de ser bem, livre e corretamente informada.

Apoie a campanha da Fenaj clicando aqui.

Nenhum comentário: