segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Prazer da Conquista

Eu gosto de namorar... É sempre muito bom. Mas, acredite a melhor coisa que existe é namorar pouco. Calma, calma, eu explico...

Se apaixonar é uma delícia, você sente aquele friozinho no estômago, toma banhos melhores, se perfuma mais, atualiza o guarda-roupa, sorri, fica mais tolerante, acorda mais disposto, enxerga a vida colorida, etc... Mas eu fico imaginando até quando isso dura? Ou em quantos relacionamentos essas sensações são realmente vivenciadas plenamente?

Eu nunca fui um dos caras mais populares do mundo. Nem o mais bonito, ou charmoso, ou atraente, ou com qualidades físicas e atléticas invejáveis, e como conseqüência, não fui dos que teve muitos relacionamentos amorosos.

Ser uma pessoa assim, aliado ao fato de ser um observador compulsivo do comportamento humano em todas as instâncias, me fez atentar para o prazer da conquista.

Certa vez, disse a uma garota que ela era bonita e que sua personalidade era apaixonante e me indignei com o fato de NINGUÉM ter reparado nisso até então só porque a menina não seguia exatamente o padrão de beleza imposto pela sociedade.

Hoje, pensando sobre a minha vida e sobre o meu passado percebi que me encontro na mesma situação da garota que elogiei. Não é auto piedade ou síndrome de coitado, nem

nada disso. São apenas os fatos. Escrevo sobre isso com tranqüilidade porque nunca fui escravo dos elogios ou da aprovação das pessoas, pelo contrário, sou muito mais adepto do ‘Quod me nutrit me destruit’ – O que me nutre me destrói – e levo numa boa o fato de nunca ter sido elogiado ou querido por uma mulher na juventude.

Superada esta fase, posso concluir a minha crônica com liberdade... “O Prazer da Conquista”. Título imponente para um pensamento e opinião tão simples.

Eu acredito que quanto mais as pessoas namoram, se pegam, ficam, se enrolam, conquistam, menos o prazer da conquista age no organismo. Menos adrenalina, endorfina e quaisquer outras ‘inas’ que possam causar processo químico podem operar.

Suponhamos que você, assim como eu, gosta muito de camarão e vai a um daqueles restaurantes especializados por uma semana. No 1ª dia você come com gosto, sentindo cada sabor, cada tempero, degustando com muita vontade e satisfação. No 2ª dia você também come com gosto, mas a sensação já é bem menor. Passam-se os dias e você está no 4º ou 5º dia. Posso garantir que você ou já não come com gosto, ou já enjoou e sequer toca no belíssimo e já não tão convidativo prato a sua frente.

Assim acontece na conquista. Da primeira vez que você ouve um elogio, um galanteio, ou até um xaveco, você se sente bem e seu

coração vibra com toda a mistura química produzida por seu corpo. Acontece isso também quando é você quem elogia, galanteia e xaveca. Mas quando isso se torna uma rotina, ou acontece repetidas vezes, torna-se banal, e acaba perdendo o encanto e o sabor.

Por isso eu digo que a melhor coisa é namorar pouco. Porque quanto mais personalizados são os encantos, os carinhos, os afetos, mais especial se torna estar ao lado de alguém. É uma questão de exclusividade, de ter a sensação de ser único, especial, eterno. É uma questão de bem estar.