Paixão! A paixão tem validade, prazo, data. E ele é muito curto. Eu diria curtíssimo... Cientistas das áreas da psicologia e neurociência, afirmam categoricamente que a paixão é um estado químico transitório e que seu objetivo é apenas o de atrair as pessoas por um curto espaço de tempo para que elas possam conviver e possivelmente se amar. Hoje é um dia memorável na história pública mundial. È o casamento do Príncipe Willian, filho de Charles e Diana e netinho - herdeiro da poderosa e, por vezes, decorativa Rainha Elisabeth.
O rapaz, bem apessoado por sinal, une-se a Kate Middleton, plebéia assim como sua saudosa mãe e de personalidade bastante semelhante também. Não duvido por motivo algum que o nobre mancebo receba por esposa a jovem Kate com os melhores dos sentimentos e que dentre eles esteja o tão cobiçado amor. Longe de mim fazer tal julgamento. Mas ao acompanhar a cerimônia esta manhã me ocorreu um fato que encorajou a escrita desta crônica: Como tem gente casando por paixão!
Caro leitor, não é de meu feitio reparar ou comentar a vida alheia, mesmo porque Deus deu uma pra cada e a minha já me toma bastante tempo. Mas convenhamos que as pessoas casam-se cada vez mais brevemente nos dias de hoje.
Não digo que se casam muito jovens ou coisa parecida, definitivamente não, mas casam-se após um curtíssimo período de namoro e quase nenhum noivado. Paixões arrebatadoras que tomam conta dos pobres corações e levam milhões ao compromisso mais sagrado e sério que já pude presenciar. Pelo menos deveria ser assim.
Os mesmos cientistas da pesquisa afirmam que o estado de paixão dura em média 2 anos e depois ‘esfria’ do mesmo jeito que ‘esquentou’, repentinamente. O que vem depois disso é a soma da convivência, que inclui respeito, cumplicidade, gentileza, bondade, companheirismo, boa educação, entre outros e todos os nobres sentimentos. É o que chamamos popularmente de amor, ou laços que prendem um ser ao outro através de sentimento.
Pois bem. Seja como for o que se vê nos nossos dias é exatamente isso, casais que se conhecem, namoram, casam e separam-se meteoricamente num prazo muito próximo ao relatado na pesquisa. As pessoas não tem paciência para a convivência, para os defeitos, para as dificuldades. São todos muito imediatístas, perfeccionistas, buscam no outro a perfeição que lhes falta. E ao menor sinal de discórdia ou descontentamento já estão, como diz o ditado, ‘abandonando o barco’.
Não conseguem administrar as pequenas frustrações do dia-dia, as brigas, as discussões, as imperfeições próprias dos relacionamentos interpessoais. Parece até que todos se tornaram fracos, incapazes de conviver em sociedade, em dupla, em matrimônio.
Trocam de parceiros, maridos ou esposas como quem troca um produto que não atendeu minimamente aos seus desejos e necessidades. Não buscam um relacionamento. Buscam satisfação pessoal, preenchimento.
Apaixonados, não conseguem raciocinar para que caminhos rumam. E quando este ‘entorpecente sentimental’ se acaba já é tarde para voltar atrás sem grandes danos. Dá a impressão de que a beleza, perfeição e as boas virtudes dos dias de paixão acabam no mesmo instante que a química para de agir. É assim dia após dia, sucessivamente, com milhares de apaixonados.
Mas me mantenho otimista. Sei que tem muita gente que pensa como eu. Que busca o sentimento verdadeiro como uma jóia raríssima e não como um produto na gôndola do supermercado. Essas pessoas são cada dia mais raras. E querem um alguém para compartilhar, para viver, para enfrentar alegrias e tristezas, saúde ou doença. Querem construir juntos, formar a instituição mais lucrativa do mundo: uma família forte e unida. E isso não é conto de fadas ou um desejo impossível. Existe. E é para mim.
Desejo ótima sorte aos príncipes do Reino Unido! Que tenham felicidade, harmonia e amor. Mas antes de tudo, que sejam fortes para suportar a vida a dois. E que o olhar de Willian ao descobrir o véu de Kate dizendo como estava linda permaneça vivo todos os dias deste matrimônio.